Hipersensibilidade hormonal


*~Introdução

Dentre a grande variedade de hipersensibilidades, hoje vamos destacar a hipersensibilidade hormonal. Esse tipo de dermatopatia rara, observada principalmente em cães, se dá em animais que desenvolvem hipersensibilidade aos seus próprios hormônios sexuais.


*~Sinais clínicos

Os sinais clínicos decorrentes dessa hipersensibilidade incluem erupções pápulo-crostosas, que se iniciam preferivelmente na região lombar dorsal, períneo, genitália e membros posteriores. Já em casos crônicos são notadas lesões de hiperpigmetação e liquenificação, além da possibilidade de serem acometidas orelhas e face. Também pode ser encontrada, em alguns animais, hiperplasia vulvar e dos mamilos. Nas fêmeas, acredita-se que manifestações clínicas coincidam com a pseudociese (falsa prenhez) ou com cios sendo que tendem a ser mais severas a cada episódio de forma que o prurido pode ocorrer continuamente. Nos machos inteiros, por outro lado, o quadro clínico não é sazonal.


*~Patogenia

A patogenia dessa hipersensibilidade não é conhecida, porém acredita-se na presença de reações de hipersensibilidade dos tipos I e IV contra testosterona, progesterona e estrógeno, que são confirmadas através de testes intradérmicos e de degranulação basofílica. Grande parte dos casos relatados foi observada em fêmeas inteiras, que podem ter um histórico de pseudociese recidivante, irregularidade do ciclo estral ou ambos.


*~Diagnóstico

O diagnóstico é baseado em vários fatores como a história clínica do paciente, a distribuição lesional, a resposta à castração, além do descarte de outras condições cutâneas pruriginosas (dermatite alérgica à picada de pulga, hipersensibilidade alimentar, dermatite atópica e farmacodermia). Para a complementação do diagnóstico podem ser realizados testes intradérmicos com aplicação de estrógeno (0.0125 mg), progesterona (0.025 mg) e testosterona (0.05 mg) e posterior observação de reações imediatas e tardias, porém esses testes não apresentam determinação de sensibilidade e especificidade. Não são específicos os resultados histopatológicos que incluem dermatite perivascular superficial com infiltrado inflamatório misto.


*~Terapia

A terapia consiste em ovariosalpingohisterectomia ou orquiectomia do animal afetado. A resposta favorável pode ocorrer desde 5 a 10 dias após o procedimento cirúrgico. Geralmente nota-se pouca resposta clínica com o uso de corticosteróides.Aplicações hormonais com testosterona de depósito em fêmeas (1mg/kg, IM) ou gonadotrofina coriônica humana (HCG) causam melhora temporária em 7 dias. Uma resposta similar pode ser observada em machos com administração oral de estrógenos, mas este tipo de procedimento pode trazer efeitos colaterais importantes, como por exemplo, aplasia de medula óssea.


*~Conclusão

Embora o diagnóstico das endocrinopatias não seja comum na clínica de pequenos animais, é de suma importância que esse seja feito precoce e corretamente já que o não tratamento dessa doença pode propiciar a instalação de dermatites secundárias ( causadas, geralmente, por agentes oportunistas) causando problemas mais graves ao paciente. Além de evitar a realização de tratamentos equivocados, os quais podem piorar a lesão ao invés de amenizá-la.
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