Reações de hipersensibilidade a vacinas
Introdução
No post de hoje trataremos de um assunto não muito freqüente, mas que é de grande importância para o estudo de diferentes reações de hipersensibilidade, que nesse caso se trata da administração de vacinas e suas possíveis reações no organismo do animal.
A administração de materiais estranhos ao organismo, como o caso de vacinas, podem induzir reações anafiláticas (hipersensibilidade do tipo I) e anafilactóides (semelhantes à anafilaxia, mas mediadas por complemento). Estas reações podem variar na gravidade, indo desde erupções cutâneas e alergias, até severos riscos respiratórios ou sinais cardiovasculares.
Pode haver variações no índice das reações de acordo com o tipo de vacina utilizada, raça dos animais e predisposição individual. Vacinas que contenham bactérias (ex. Leptospira) ou vacinas que contenham um adjuvante (ex. vacina anti-rábica) são mais prováveis de causarem reações de hipersensibilidade quando comparadas a vacinas que contenham somente vírus vivos modificado.
Patogenia
Animais que são geneticamente pré-dispostos apresentam tendência para uma maior resposta de IgE após a exposição a um antígeno, ao invés da ativação de IgG – o que seria esperado. A resposta de IgE gera a reação inflamatória conhecida como Anafilaxia. Essa Imunoglobulina E produzia liga-se a superfície de mastócitos e basófilos. O antígeno atraído para o mastócito-IgE causa a liberação de histaminas e outras substâncias. Estes fatores afetam alguns órgãos alvo, como os vasos sanguíneos, acarretando em danos vasculares e edema; afetam também as vias aéreas pulmonares, resultando em broncoconstrição; e afetam os intestinos, resultando em hipermotilidade, vômito e diarréia.
Animais muito jovens podem mostrar sinais de anafilaxias, mesmo que nunca tenham sido expostos a um antígeno. Isto se deve à transferência de anticorpos maternos do tipo IgE da mãe para o neonato (cão ou gato) via colostro. Uma vez absorvida a IgE da mãe, ela atrairá os mastócitos do neonato sensibilizando este ao antígeno, numa exposição subsequente a este antígeno (ex. primeira vacinação) o mastócito do neonato se degranulará e os sinais clínicos serão então observados.
~Qualquer componente da vacina pode estimular uma resposta tipo IgE.
As reações anafilactóides são mediadas pela ativação do sistema complemento e não envolvem a produção de IgE. As reações anafilactóides podem ser observadas em animais após a primeira exposição a um antígeno (ex. a primeira vacinação). Os componentes da vacina que estão associados com a ativação do complemento incluem os adjuvantes e as toxinas de bactérias gran-negativas.
Manifestações clínicas
Os sinais clínicos associados a essas reações são devido à ação da histamina e de outros potentes mediadores químicos liberados dos mastócitos. As duas apresentações clínicas mais comuns de reações anafiláticas em animais de companhia são urticária e anafilaxia aguda.
- A urticária é causada pela degranulação dos mastócitos localizados na pele. A histamina liberada causa relaxamento da musculatura lisa permitindo que o plasma sanguíneo atravesse do lúmen vascular para os tecidos adjacentes. Este extravasamento de fluído resulta em um edema típico.
A coceira (prurido) associado à urticária é devido ao efeito irritante da histamina nas terminações nervosas. A urticária pode ser localizada (ex. edema facial) ou difundida por todo o corpo.
- Os sinais de anafilaxia aguda varia entre as espécies. Em cães o maior órgão afetado pela histamina é o fígado. Os cães apresentando anafilaxia inicialmente mostram sinais de agitação, seguido por salivação, vômito, defecação e micção. Os sinais progridem para fraqueza muscular, depressão respiratória, colapso circulatório, convulsões, coma e morte. Os sinais são devido à severa hipotensão causada pelo aporte de sangue no fígado e nos intestinos. Nos gatos, os órgãos mais afetados pela anafilaxia são os pulmões. Gatos apresentando anafilaxia coçam vigorosamente a face e a cabeça, seguido de dispnéia, salivação, vômito, ataxia, colapso e morte. Estes sinais são devido a hipotensão pulmonar com hemorragia secundária pulmonar e severa broncoconstrição.
Tratamento
A adrenalina associada à fluídoterapia intravenosa constituem a terapia inicial de escolha. A adrenalina é a droga mais importante no tratamento de anafilaxia. Ela aumenta a pressão sanguínea, aumenta a frequência cardíaca, alivia o broncoespasmo, inibindo também a liberação da histamina dos grânulos dos mastócitos. Deve ser associada com a administração de corticoesteróides e anti-histamínicos.
Eu adorei artigo Gê! haha bj aline