Leishmaniose



A leishmaniose é uma doença infecto contagiosa classificada como zoonose, pelo fato de ser transmitida dos animais ao homem e vice-versa. Provoca reações de hipersensibilidade tipo IV, que é a hipersensibilidade também denominada tardia e, portanto, será o tema abordado no nosso blog essa semana.
Essa doença pode se manifestar de duas formas distintas: leishmaniose tegumentar ou cutânea e a leishmaniose visceral ou calazar. A leishmaniose tegumentar é caracterizada por lesões na pele, podendo, por exemplo, acometer nariz, boca e garganta (forma conhecida como “ferida brava”). Já a leishmaniose visceral ou calazar, é uma doença sistêmica, pois afeta vários órgãos, sendo que os mais afetados são o fígado, baço e medula óssea.


~Agente causador


O agente causador dessa zoonose é um protozoário. As espécies de protozoário causadoras da leishmaniose mais freqüentemente encontradas são:

-Leishmania donovani (Laveran y Mesnil, 1903): Agente das Leishmanioses viscerais, Calazar Indiano, Leishmaniose Infantil da área do Mediterrâneo e o Calazar Americano ou Leishmaniose visceral americana.
-Leishmania canis (Cardamatis, 1911): Leishmaniose visceral dos cães e gatos.
-Leishmania infantum (Nicole, 1908): Calazar na área do Mediterrâneo, hoje reconhecidamente idêntico ao Calazar Indiano, de Wright.
-Leishmania tropical (Wright, 1903 ): Agente da Leishmaniose cutânea ou botão do Oriente, Botão de Biskra ou Botão de Aleppo.
-Leishmania braziliensis (Vianna, 1911): Determina a Leishmaniose tegumentar americana ou Leishmaniose cutaneomucosa, Espúndia, Uta, Úlcera de Bauru, etc.





~Ciclo de vida

Todas essas espécies de Leishmania já classificadas tem em comum o fato de necessitarem passar por um hospedeiro invertebrado, mais especificamente um mosquito do gênero Phlebotomo, para que se reproduzam e atinjam a fase adulta. Nesse vetor invertebrado são encontradas as formas promastigotas infectantes (formas alongadas e com flagelos), enquanto em hospedeiros vertebrados (mamíferos) são
encontradas as formas amastigotas (arredondadas e sem flagelo aparente), no interior de células como macrófagos, células de Langerhans, neutrófilos e eosinófilos .
Por possuírem essa característica de exigirem mais de um hospedeiro em seu ciclo evolutivo biológico o gênero Leishmania tem um ciclo de vida denominado heteroxênico .



~Transmissão:

A transmissão da leishmania se dá pela picada de um inseto do tipo phlebotomus. No Brasil, eles são conhecidos por nomes variados de acordo com sua localização geográfica. Alguns de seus nomes são: mosquito palha, asa dura, asa branca, cangalhinha, anjinho, dentre outros .
Quando um flebótomo pica um animal infectado com leishmaniose, recolhe os parasitas através do sangue. Os parasitas ingeridos atingem o estômago do inseto, que se torna um lugar ideal para sua multiplicação. Assim ,quando o mosquito pica outro animal ou o homem, os parasitas são transmitidos para o novo hospedeiro disseminando a doença. Nesse novo hospedeiro o parasita cai na circulação sanguínea, e esse é, portanto, denominado hospedeiro definitivo.





Só as fêmeas desse inseto sugam o sangue, pois necessitam dele para o amadurecimento dos ovos. Já os machos se alimentam de seiva vegetal e, portanto não são capazes de transmitir a doença.
Obs: A Leishmaniose não é transmitida pelo contato humano-humano.





~Incubação :

O período chamado de incubação (período que inicia na picada pelo mosquito infectado e vai até o aparecimento dos primeiros sintomas) varia entre 10 e 25 dias, podendo, porém, chegar até um a ano.

~Sintomas :

- Leishmaniose visceral:
A leishmaniose visceral afeta principalmente o baço e o fígado, provocando o mau funcionamento desses órgãos, causando inflamação aguda, anemia, aumento da temperatura corporal e perda de peso. Com a evolução da doença a saúde do afetado se deteriora progressivamente. Podendo aparecer erupções cutâneas e um declínio das funções renais. O paciente afetado por esse tipo de leishmaniose pode vir a óbito em um período de, aproximadamente, 2 anos, caso não seja submetido a tratamento adequado.


- Leishmaniose cutânea e mucocutânea
As leishmanioses cutânea e mucocutânea apresentam sintomas similares. A principal manifestação de ambas consiste numa erupção na pele com centro na picada. Essa erupção pode aumentar e se converter numa úlcera que progressivamente se transforma numa crosta e supura de forma contínua. O evoluir dessa doença, sem tratamento adequado, leva a lesões graves e deformantes, inclusive com perdas irrecuperáveis muitas vezes do nariz e da epiderme da face.A principal diferença entre as leishmanioses cutâneas é que, na leishmaniose mucocutânea são afetadas e destruídas membranas mucosas e estruturas similares.

~Resposta imune

A respeito da resposta imune gerada por organismos infectados (hospedeiros definitivos) por Leishmania sabe-se que:

- na Leishmaniose visceral , já foi revelado através de estudos realizados com pacientes infectados que os linfócitos desses indivíduos são incapazes de produzir interleucina do padrão Th1 (IFN-gama e IL-2) enquanto que as do padrão Th2 (IL-4 e IL-10) são produzidas em grandes quantidades.
A IL-10 está envolvida na diminuição de IFN, porém o anticorpo anti-IL-10 faz com que volte a produção de IFN e, portanto, a resposta linfoploriferativa. Com a não produção da citocina há impedimento da capacidade macrofágica e, consequentemente, prejuízo no controle da infecção.
Já a interleucina 12 (IL-12) atua na resposta imunológica da Leishmaniose visceral revertendo o padrão de resposta da produção de citocinas para o tipo Th1 e agindo na manutenção da padrão Th2.
É característico dos doentes, a elevação acentuada de globulinas devido a presença de IgG e IgM no soro sangüíneo. Já se sabe que isso se deve ao fato da ativação policlonal de células B que, por sua vez, resulta numa produção excessiva de anticorpos. Além são encontrados fatores de necrose tumoral no soro de pacientes com leishmaniose visceral durante a fase aguda da doença.

-na Leishmaniose tegumentar americana: é uma doença causada por diferentes espécies de Leishmania e possui manifestações clínicas que variam de lesões cutâneas, que tendem para a cura espontânea, até graves lesões mucocutâneas. As infecções por esse parasita podem levar a uma resposta imunológica específica por parte do hospedeiro, caracterizada basicamente por um aumento de células T CD4+ e um perfil de citocinas Th1 ou Th2. Infecções por L. major, que é o modelo melhor estudado, quando ocorrem em camundongos resistentes (como C57BL/6, CBA, C3H) estão vinculados a uma resposta Th1, enquanto em camundongos susceptíveis (BALB/c) estão associados à resposta Th2. A resposta imune em humanos não é bem caracterizada como o é em camundongos e envolve o papel das citocinas, das moléculas co-estimulatórias e da saliva do flebótomo. Paralelamente, à existência de uma resposta imunológica por parte do hospedeiro, a sobrevivência e a persistência parasitária dependem de estratégias de escape da resposta imune adaptativa.



~Profilaxia :

A medida mais eficiente para prevenção da doença é o combate ao mosquito hospedeiro intermediário, impedindo-o de se multiplicar, pela aplicação de inseticidas em seus criatórios. Além disso, pode ser feito isolamento dos hospedeiros definitivos enfermos, ou seu tratamento quando possível.


~Diagnóstico:

Amostras de tecido (por exemplo das feridas na pele) podem ser examinadas para procurar pelo parasita sob microscópio, em culturas, ou por outros meios. Testes de sangue que detectam anticorpos ao parasita podem auxiliar no diagnóstico de leishmaniose visceral. Porém, alguns desses testes laboratoriais podem dar resultados incorretos, como falsos positivos ou negativos, e portanto aconselha-se que o animal seja submetido a mais de um teste,( como, por exemplo, o teste conhecido como PCR que detecta o DNA da Leishmania na célula do hospedeiro e tem eficácia elevadíssima ) antes de ser dado o diagnóstico definitivo.


~Tratamento:

O tratamento da Leishmaniose canina gera divergências já que há quem acredite que o tratamento não é eficiente e que o cão, por certo período, segue sendo um reservatório de parasitas, podendo causar disseminação da doença. Porém há outros que negam essa afirmação e confirmam que o tratamento da Leishmaniose canina é eficiente, e se realizado corretamente não é necessário que o animal seja eutanasiado. Enfim, vários medicamentos quimioterápicos, como o Tártaro Emético, Tartarato de sódio e antimonila, Fuadina, Eparseno (Amino-arseno-fenol), arsenito de sódio e o glutamato de antimônio sódico. Além de Alopurinol, Cetoconazol, Levamizol, Vitamina A, Zinco, Aspartato de L-arginina e Prednisona são usados no tratamento dessa doença, que só deve ser tratada com acompanhamento médico.

2 Responses
  1. Anônimo Says:

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  2. Anônimo Says:

    site bom para trabalho